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0 - Hora do Mergulho em um Infinita Highway

  A ideia parece ser simples, mas é conectar minha vida às músicas do Humberto Gessinger durante esses 35 anos de existência de todos nós. E não quero criar um texto explicativo para cada canção, e sim passar minha interpretação unindo muitas coisas que vivi quando essas músicas foram lançadas ou que chegaram definitivamente aos meus ouvidos. Parece fácil. Parece difícil. Parece que levarei um bom tempo. Parece que será rápido. Mas como as aparências enganam nada melhor que tentar para ver o que acontece, e se nada der certo, eu vou tentar até o fim.
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1 - Longe demais das capitais

  Eu morava longe de tudo, lá no Jardim Andaraí, zona norte de São Paulo, capital. Não tínhamos padaria, banca de jornal, sequer tínhamos ponto de ônibus municipal por perto. Morava na rua Diamantina, 9, perto da bifurcação da Rodovia Presidente Dutra e a Marginal do Rio Tietê. Do outro lado da Rodovia existia a rua Diamantina e também o número 9, mas nossas correspondências, que sempre foram poucas, chegavam sem problema. Ouvia música basicamente no rádio ou em fitas K7 gravadas por alguém, pois não tínhamos vitrola. O que fazia minha cabeça em 1986 era Blitz, Ultraje a Rigor, Plebe Rude, Camisa de Vênus, Kiss, e, por influência dos pais, Roberto Carlos, Roberto Leal, Julio Iglesias, Beatles, Rolling Stones, Jovem Guarda e tudo que tocava na rádio Jovem Pan 2. Fora a música da rádio consumia música da TV, seja de filmes, novelas e programas de auditório. Na rede Globo, no dia 6 de Outubro de 1986 estreou a novela “Hipertensão” na faixa das 19 horas. A novela contava a história de Cari

2 - A Revolta dos Dândis

  O ano de 1987 começou molhado para nós em casa. Uma inundação em nossa rua fez com que muita água entrasse em nossa casa. Não perdemos nada, mas tapetes ficaram muito tempo no varal para sair o mau cheiro. Por conta disso e pelas enormes dores na coluna da minha mãe o meu pai decidiu que era hora de mudarmos de casa. Deixaríamos de ficar   “Longe demais das capitais”   e iríamos para algum lugar melhor. Bem devagar meu pai foi nos “incluindo” no mundo. Demoramos a ter TV colorida, vitrola, vídeo cassete, vídeo game, bicicleta, entre outras coisas que tomavam conta do mundo. Depois de cerca de 7 meses buscando por um imóvel, e de ver tanta coisa boa e ruim, fomos morar muito perto da escola que estudávamos. Estava entusiasmado com a mudança sem me tocar que deixaria para trás um mundo de coisas como amigos, lugares, pessoas e nossa enorme casa. Mudamos no dia 10 de outubro para um prédio. Eu e meu irmão conhecíamos algumas pessoas que estudavam ou em nossas salas ou na mesma escola. M

3 - Ouça o que eu digo: Não ouça Ninguém

  Discos lançados no final de ano, para que todos tenham o dinheiro do 13º para os comprar sempre foi uma tendência aqui no Brasil. Então o disco de um ano acaba estourando no outro ano, muitos têm suas músicas trabalhadas para terem exposição na mídia entre o Natal e o Carnaval. O verão sempre foi um período de novas músicas aparecerem. Claro que muitos singles foram lançados e, dependendo da reação do público, o disco saia antes do convencional. Eu, que sempre ouvi rádio, passei a procurar por discos no Carrefour sem ser lançamento, o que ainda era muito escasso. Eles passaram a trabalhar com novidades praticamente em 1990, não que antes não vendiam, é que os maiores lotes iam para as lojas de Shopping Center. Certa vez, no Carrefour, dei de cara com “Bora Bora” do Paralamas do Sucesso. As rádios já tocavam “O Beco” mas não sabia que o disco fora lançado. O comprei e virou a sensação com a galera da sala e do prédio. Eu vivia falando daquelas músicas para eles. Logo começou a tocar a

4 - Alivio Imediato

  O ano de 1989 começou diferente para o Brasil. Seria a primeira vez que teríamos eleições diretas para presidente da República. Aquilo mexeu demais com todo mundo, a ansiedade era grande para tal feito. Em uma campanha com uns 20 candidatos quem ganhou foi o desconhecido Fernando Collor de Mello. Ele se intitulava caçador de marajás, pessoas que ganhavam dinheiro sem trabalhar, e iria acabar com isso. Eu, que já ouvia a rádio Transamérica desde o ano anterior comecei a perceber uma grande mudança na programação da mesma, tendo muito mais rock entre as músicas pop que eram massificadas em nossas cabeças. Assim, mesmo Madonna vindo com uma enxurrada de sucessos do recém lançado “Like a prayer” e os monstros do Rolling Stones lançando “Steel Wheels”, o rock se fez presente com The Cult, Tears for Fears, David Bowie que vinha fazer show no Palmeiras, Ramones com seu maior sucesso “Pet Cemitery”, que eu não gosto e o rádio sendo invadido por vários sons nacionais, como “Burguesia” de Cazu

5 - O Papa é Pop

  O ano de 1990 começou diferente, não só para o Brasil, mas principalmente pra mim. Já em janeiro comecei a namorar a Paula, primeira namorada, nem sabia o que fazer. Fomos juntos para a escola, lá ninguém sabia da gente, somente o pessoal do prédio que fora para a mesma escola, fomos em 7 no total. Logo que o Collor assumiu a presidência do Brasil veio com uma medida econômica que congelava as poupanças, ou seja, quem tinham dinheiro não ia poder mexer com nada. Foi tenso demais isso. Por sorte tínhamos comprado o apartamento e nossas poupanças tinham pouco dinheiro agora. Na escola passei a lidar com gente de todo tipo, diferente da escola anterior onde eram todos do estilo “filhinhos de papai”. Foi um baita baque, não tinha uniforme, não tinha livros, não tinha lugar fixo, não tinha tantas regras. Meu Deus!!!!  Fiz amizade logo com os meninos. Éramos apenas 7 numa sala de 50… Marco e Fabrício viviam falando de rock, falavam de Pink Floyd, Queen, U2 e eu falando de uma banda que des

6 - Várias Variáveis

  Tudo novo, de novo, em um novo ano. Mas um ano com mais possibilidades, percebi que estava com a cabeça mais focada em ser uma pessoa melhor e fazer o melhor para os outros também. Já comecei sendo surpreendido com uma ligação do Biro, que trabalhava na rádio Cidade, me falando que ligariam para eu participar de uma promoção para o Rock in Rio. Fiquei trancado em casa e ligaram e me fariam uma pergunta sobre o New Kids on the Bloch. A rádio Cidade era uma emissora mais popular, não POP, e sim com músicas que agradavam as pessoas em seus trabalhos e em suas casas, sem muita música pesada. O dia provavelmente foi escolhido pelo Biro pois ele queria ver o RUN DMC e Snap, jamais pegaria para um dos dias do Guns N´ Roses. Pois me ligaram e acertei a pergunta e lá estávamos nós, em 20 de janeiro de 1991, embarcando para o Rio de Janeiro, para ir ao meu primeiro festival e primeira ida não só a cidade maravilhosa mas também ao Maracanã. Vimos os shows do Inimigos do Rei, Roupa Nova, Run DMC