A ideia parece ser simples, mas é conectar minha vida às músicas do Humberto Gessinger durante esses 35 anos de existência de todos nós. E não quero criar um texto explicativo para cada canção, e sim passar minha interpretação unindo muitas coisas que vivi quando essas músicas foram lançadas ou que chegaram definitivamente aos meus ouvidos. Parece fácil. Parece difícil. Parece que levarei um bom tempo. Parece que será rápido. Mas como as aparências enganam nada melhor que tentar para ver o que acontece, e se nada der certo, eu vou tentar até o fim.
Eu morava longe de tudo, lá no Jardim Andaraí, zona norte de São Paulo, capital. Não tínhamos padaria, banca de jornal, sequer tínhamos ponto de ônibus municipal por perto. Morava na rua Diamantina, 9, perto da bifurcação da Rodovia Presidente Dutra e a Marginal do Rio Tietê. Do outro lado da Rodovia existia a rua Diamantina e também o número 9, mas nossas correspondências, que sempre foram poucas, chegavam sem problema. Ouvia música basicamente no rádio ou em fitas K7 gravadas por alguém, pois não tínhamos vitrola. O que fazia minha cabeça em 1986 era Blitz, Ultraje a Rigor, Plebe Rude, Camisa de Vênus, Kiss, e, por influência dos pais, Roberto Carlos, Roberto Leal, Julio Iglesias, Beatles, Rolling Stones, Jovem Guarda e tudo que tocava na rádio Jovem Pan 2. Fora a música da rádio consumia música da TV, seja de filmes, novelas e programas de auditório. Na rede Globo, no dia 6 de Outubro de 1986 estreou a novela “Hipertensão” na faixa das 19 horas. A novela contava a história de Cari